domingo, 19 de outubro de 2014

Curiosidade: O país mais premiado na categoria de MELHOR FILME ESTRANGEIRO



A estatueta de Melhor Filme Estrangeiro existe desde 1948 e premia um longa-metragem produzido fora dos Estados Unidos com diálogos predominantemente em uma língua diferente do inglês.

Mas qual é o país que recebeu o maior número de premiações na academia? O país que domina essa categoria, com exatos Onze produções premiadas (sem contar os prêmios honorários) é a ITÁLIA.



Vítimas da Tormenta (1946)
Logo na primeira cerimônia da categoria de Melhor Filme Estrangeiro, os italianos mostraram que seriam os predominantes nessa área. O filme Vítimas da Tormenta (Sciusciá) de 1946 foi o primeiro filme estrangeiro vencedor e abriu as portas para os diversos filmes italianos que viriam à ser vencedores futuramente. O filme é o retrato das crianças de rua na Itália pós-guerra. Giuseppe e Pasquale são duas das crianças, dois grandes amigos que vivem de lustrar sapatos de soldados americanos. Eles dividem suas esperanças e seus sonhos inocentes de um futuro melhor, mas acabam presos numa terrível instituição para menores. É um filme muito importante para a história do cinema.

Ladrões de Bicicleta (1948)
O diretor Vittorio de Sica empacou outro filme italiano na categoria de Melhor Filme Estrangeiro. Desta vez o filme premiado foi Ladrões de Bicicleta (Ladri di Biciclette) de 1948. A carga dramática desse filme, que se tornou a principal característica do diretor, esteve excelente aqui. É a história de muitos italianos que estavam desempregados devido o fim da Guerra. Um desses italianos é Antonio Ricci, que consegue um emprego de colocador de cartazes. Entretanto, para realizar este trabalho, precisava de uma bicicleta. Depois de penhorar diversos objetos, ele adquiri uma. Certo dia, ela é roubada, e juntamente com seu filho, ele parte por toda Roma em busca dela. É sem dúvidas uma obra-prima do cinema italiano e mereceu o prêmio honorário.

Três dias de Amor (1949)
O último filme italiano a receber um prêmio honorário é um filme dirigido pelo cineasta francês René Clément, que contribuiu decisivamente para o crescimento do cinema francês no mundo. Três dias de Amor (Le Mura di Malapaga) de 1949 recebeu a estatueta em 1951 e conta a história de Pierre, que após assassinar a amante, está fugindo da polícia. Ele chega ao porto italiano de Gênova, onde tem seu dinheiro roubado e acaba por conhecer Marta, uma jovem mulher que acabou de se separar e cuida sozinha da filha pequena. Marta apaixona-se por Pierre e decide esconde-lo da polícia, além de prometer que irá acompanhá-lo em sua nova vida. Infelizmente o destino irá pregar algumas surpresas.

A Estrada da Vida (1954)
Federico Fellini é um dos mais importantes cineastas do mundo, e levou o cinema italiano ao auge na década de 50 e 60. O seu primeiro filme premiado foi A Estrada da Vida, de 1954 e conta a história de Gelsomina, que é vendida por sua mãe para Zampanò. Ambos não têm nada em comum: o jeito ingênuo e humilde da jovem é o oposto da rudeza de Zampanò, um artista mambembe. A chegada de um equilibrista que admira especialmente Gelsomina trará acontecimentos inesperados. Uma obra-prima de Fellini, relatando o movimento neorrealista que retrata a Itália do pós-guerra. Além de levar o prêmio de Melhor Filme Estrangeiro, foi indicado na categoria de Melhor Roteiro Original.

Noites de Caríbia (1957)
No ano de 1957, Fellini dirigiu mais uma de suas obras-primas, Noites de Cabíria levou a estatueta do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e se tornou um dos mais importantes filmes italianos de todos os tempos. Trabalhando novamente com sua amada Giulietta Masina, o filme conta a história de Cabíria, uma jovem romântica e ingênua que se prostitui para sobreviver. Mesmo enfrentando dificuldades, ela demonstra uma confiança impressionante e sonha com o verdadeiro amor enquanto sofre constantes desilusões amorosas. Depois de ter um filme premiado pela segunda vez, o diretor Federico Fellini se tornou um dos cineastas mais importantes de todos os tempos, sempre fazendo críticas à sociedade, porém jamais deixando a magia do cinema desaparecer.



8½ (1963)
Em 1963, Federico Fellini mais uma vez nos presenteou com uma obra-prima (a que eu particularmente acho a mais brilhante delas). O filme  8½ retrata a crise de criatividade de um cineasta chamado Guido Anselmi, que demonstra um certo esgotamento no seu estilo de vida e resolve se refugiar em um lugar para buscar inspiração. Muitas cenas do filme foram retiradas da vida do próprio Fellini. Até o título do filme é uma referência à carreira do próprio diretor, que até então já havia dirigido seis longas-metragens, dois episódios de filmes e havia co-dirigido um longa metragem. Além de receber o prêmio de Melhor Filme Estrangeiro, Oito e meio concorreu a mais outras quatro categorias, saindo vencedor na de Melhor Figurino.


Ontem, Hoje e Amanhã (1963)
Na premiação do ano seguinte, o vencedor foi o filme Ontem, Hoje e Amanhã, de um cineasta italiano também conhecido pela academia, Vittorio De Sica. Ele que já tinha levado prêmios honorários de Melhor Filme Estrangeiro pelos filmes Vítimas da Tormenta e Ladrões de Bicicleta, conseguiu empacar mais um filme. Ontem, Hoje e Amanha conta a história de três casais que passam por encontros e desencontros. Os casais protagonistas são interpretados pelos mesmos atores, o que muda é apenas os coadjuvantes. O filme é uma comédia muito divertida e se tornou, sem sombra de dúvidas, um clássico da cinematografia italiana.


Investigação... (1970)
Em 1970, Elio Petri dirigiu o filme "Investigação sobre um Cidadão acima de qualquer Suspeita" (um pouco longo né?) Filme que conta a história de um inspetor do alto escalão  da polícia italiana, com reputação ilibada, fama de incorruptível, mas reacionário, mata sua amante, Augusta Terzi. Testa se a polícia irá acusá-lo por isso e durante o filme, ele vai plantando pistas óbvias que o identificam como o assassino ao mesmo tempo em que vê os colegas ignorando-as, intencionalmente ou não. Eu particularmente não gostei do fato desse filme levar a estatueta de Melhor Filme Estrangeiro daquele ano, minha preferência era que o vencedor fosse o longa-metragem espanhol "Tristana", mas tenho que reconhecer que o filme é muito bom.


O Jardim dos Finzi-Contini (1970)
Na premiação do ano seguinte, o filme "O Jardim dos Finzi-Contini", do premiado cineasta italiano Vittorio De Sica foi o dono da estatueta, em um filme sensacional. O longa acompanha a história de um jardim da rica família de judeus Finzi-Contini. Ele é usado como o último símbolo da resistência pela jovem Nicole contra as leis anti-judaicas do regime fascista até que todos os membros de sua família sejam presos. O filme é uma adaptação de um romance homônimo de Giorgio Bassani e além de levar o prêmio de Melhor Filme Estrangeiro em 1972, ganhou a estatueta de Melhor Roteiro Adaptado. Mais uma grande contribuição italiana para o cinema mundial, indiscutivelmente uma obra-prima que merece ser vista e apreciada.


Amarcord (1973)
Quando um filme italiano era indicado na categoria de Melhor Filme Estrangeiro, ou ele era do Vittorio de Sica, ou era do Federico Fellini. A genialidade desses dois italianos era indiscutível. Então, Fellini dirigiu mais um filme vencedor dessa categoria. Dessa vez foi o longa "Amarcord" de 1973, lançado nos Estados Unidos apenas em 1976, que relata, os  sonhos de um outro mundo, sonhos alimentados pelos turistas de um hotel de luxo, por um transatlântico que por ali passa, pelo cinema e pelo início do fascismo. Um filme que contém atuações muito boas, roteiro excelente e críticas relevantes ao governo de Mussolini. É sem dúvidas um dos melhores filmes italianos e Federico Fellini é um dos melhores cineastas de todos os tempos.



Cinema Paradiso (1988)
A década de 80 não foi muito boa em relação à prêmios para o cinema italiano, e após quase 20 anos, a academia voltou a premiar um filme desse país, mais precisamente em 1990 (apesar do lançamento do filme ter sido em 1988). O longa vencedor da categoria foi "Cinema Paradiso" de Giuseppe Tornatore. Nos anos que antecederam a chegada da televisão em uma pequena cidade da Sicília, o garoto Toto ficou hipnotizado pelo cinema local e iniciou amizade com Alfredo, projecionista que se irritava com certa facilidade, mas tinha um enorme coração. Todos estes acontecimentos chegam em forma de lembrança quando Toto, agora um um cineasta de sucesso, recebe a notícia de que Alfredo faleceu.


Mediterrâneo (1991)
O próximo longa-metragem italiano premiado foi "Mediterrâneo" de 1991 e conta a história de um grupo de soldados italianos que ficam encalhados em uma ilha grega e são deixados para trás em plena Segunda Guerra Mundial. As filmagens ocorreram na ilha grega de Kastellórizo, no complexo do Dodecaneso e por isso o filme possui uma bela fotografia. Em 1992 foi premiado como Melhor Filme Estrangeiro pela academia do Oscar, sendo o nono filme italiano vencedor desta categoria (obviamente sem contar os três Oscars honorários para os filmes "Vítimas da Tormenta", "Ladrões de Bicicleta" e "Três Dias de Amor" que foram citados anteriormente).


A Vida é Bela (1997)
Na premiação de 1999, o filme estrangeiro vencedor foi o do espevitado ator e diretor Roberto Benigni, denominado de "A Vida é Bela". Além do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, ganhou Melhor Ator (Roberto Benigni) e Melhor Trilha Sonora. Na minha opinião, três estatuetas não merecidas, a de Melhor Ator (que deveria ter sido de Edward Norton), a de Melhor Trilha Sonora (O Resgate do Soldado Ryan merecia o prêmio) e a de Melhor Filme Estrangeiro (não preciso dizer que o nosso querido Central do Brasil deveria ter vencido). A Vida é Bela conta a história de um pai judeu que vai para um campo de concentração com seu filho, fazendo parecer que tudo aquilo é um jogo, sem que o garoto perceba o horror no qual estão inseridos.

A Grande Beleza (2013)
"A Grande Beleza" foi o último filme italiano premiado nesta categoria até então. O filme é de 2013 e levou a estatueta em 2014. O filme se passa em Roma, durante o verão, e conta a história do escritor Jep Gambardella que reflete sobre sua vida. Ele tem 65 anos de idade, e desde o grande sucesso do romance "O Aparelho Humano", escrito décadas atrás, ele não concluiu nenhum outro livro. Desde então, a vida de Jep se passa entre as festas da alta sociedade, os luxos e privilégios de sua fama. Quando se lembra de um amor inocente da sua juventude, Jep cria forças para mudar sua vida, e talvez voltar a escrever. Particularmente, não era meu longa-metragem estrangeiro favorito daquele ano (o filme dinamarquês 'Jagten' era muito melhor), mas é um filme muito legal e merece ser visto.




Outros países com múltiplas estatuetas de Melhor Filme Estrangeiro:

França - 9 prêmios
Espanha - 4 prêmios
Suécia - 3 prêmios
Checoslováquia/República Checa - 3 prêmios
Dinamarca - 3 prêmios
União Soviética - 3 prêmios
Alemanha - 3 prêmios
Países Baixos - 3 prêmios
Suíça - 2 prêmios
Áustria - 2 prêmios
Argentina - 2 prêmios



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